VIVER MAIS DIÁLOGO 2.0
Workshop para Casais
As perguntas podem salvar um casamento
O CAMINHO DOS VALORES NA REALIZAÇÃO A DOIS
Paulo Roberto Rech - Psicólogo, logoterapeuta
PRÓLOGO
Viktor Emil Frankl:
"(...) Através do seu amor, a pessoa que ama
capacita a pessoa amada a realizar estas potencialidades.
Conscientizando-a do que ela pode ser e do que deveria vir a ser,
aquele que ama faz com que estas potencialidades venham a se realizar."
(Viktor Frankl)
QUESTIONAR-SE.
PERMITIR-SE.
Bem vindos/as!
Espero que tenham passado bem e que
"o travesseiro tenha sido um bom conselheiro".
Comentários sobre o dia de ontem?



O desafio de cuidar dos óculos.
Eles devem ser limpos e podem ser polidos.
Sempre com cuidado.
Como cuidamos dos nossos
RELACIONAMENTOS?
D) AMOR, TERNURA, ESPIRITUALIDADE E TRANSCENDÊNCIA
Comente a frase abaixo:
“O amor pouco tem a ver com a existência física de uma pessoa”.
(Viktor Frankl).
REFLEXÕES:
1. Você vivenciou um amor que pudesse prescindir da presença
ou mesmo da existência do outro?
~~~ ~~~ ~~~
2. Qual foi a maior dificuldade vivenciada como casal?
O que lhe ajudou a superar?
~~~ ~~~ ~~~
3. Espiritualidade: o que o termo diz para Você?
~~~ ~~~ ~~~
4. O cônjuge pode ser motivo para vivenciar a transcendência? Como?

Viktor Frankl, no texto abaixo, relembra momentos quando
esteve preso em um dos campos de concentração, na Alemanha.
Foi levado junto com a esposa e foram separados logo ao chegar lá.
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LER & REFLETIR SOBRE O TEXTO QUE SEGUE:
“...Continuo falando com ela, e ela continua falando comigo. De repente me
dou conta: nem sei se minha esposa ainda vive! Naquele momento fico sabendo que o amor pouco tem a ver com a existência física de uma pessoa.
Ele (o amor) está ligado a tal ponto à essência espiritual da pessoa amada, a seu "ser assim" (nas palavras dos filósofos) que a sua "presença" e seu "estar aqui comigo" podem ser reais sem sua existência física em si e independentemente de seu estar com vida.
Eu não sabia, nem poderia ou precisaria saber, se a pessoa amada estava viva. Durante todo o período do campo de concentração não se podia escrever nem receber cartas. Mas isso naquele momento de certa forma não tinha importância. As circunstâncias externas não conseguiam mais interferir no meu amor, na minha lembrança e na contemplação amorosa da imagem espiritual da pessoa amada.
Se naquela ocasião tivesse sabido: minha esposa está morta - acho que este conhecimento não teria perturbado meu enlevo interior naquela contemplação amorosa. O diálogo intelectual teria sido intenso e gratificante em igual escala.”
("Em busca de sentido, Viktor Frankl, Vozes)

Reflexões pessoais e diálogo:
A. Você visualiza a possibilidade do diálogo acima, com alguém ausente fisicamente? Já experimentou esse diálogo?
B. Leiam e comentem:
“As circunstâncias externas não conseguiam mais interferir no meu amor, na minha lembrança e na contemplação amorosa da imagem espiritual da pessoa amada.”
C. Ternura: O que é ternura para Você? Como é que Você expressa a sua ternura? Como Você gostaria de sentir expressa a ternura do outro?
E) AMOR, CONVIVÊNCIA E CONFLITOS
Viktor Frankl cita uma frase do filósofo alemão Friedrich Nietzsche,
“quem tem um porquê viver pode
suportar quase qualquer como”.
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Que significado Você atribui à frase acima? Como está relacionada à vida do casal?
2. Você identifica momentos no qual o porquê* (a motivação, fato anterior) foi importante e suficiente para perdoar o outro? (*Ex.: o cansaço/desânimo do outro, que motivou uma resposta inadequada).
3. Você identifica momentos no qual o teu "para que" (razão para realizar um valor no futuro) foi motivo para perdoar o outro?
"Nem todo conflito é necessariamente neurótico". (Frankl).
F) SOBRE CONFLITOS, SOFRIMENTO E NORMALIDADE:
“Nem todo conflito é necessariamente neurótico; certa dose de conflito é normal e sadia. De forma similar, o sofrimento não é sempre um fenômeno patológico; em vez de sintoma de neurose, o sofrimento pode ser perfeitamente uma realização humana, especialmente se o sofrimento emana de frustração existencial.
(…) A frustração existencial em si mesma não é patológica nem patogênica. A preocupação ou mesmo o desespero da pessoa sobre se a sua vida vale a pena ser vivida é uma angústia existencial, mas de forma alguma uma doença mental. É bem possível que interpretar aquela em termos desta motive um médico a soterrar o desespero existencial do seu paciente debaixo de um monte de tranquilizantes.
Sua função, no entanto, é guiar o paciente através das suas crises existenciais de crescimento e desenvolvimento.” (Viktor Frankl).
1. Que sentimentos surgem ao ler o trecho acima?
2. Segundo Frankl, “se a vida sempre tem um sentido, tudo que é ligado à vida também tem”. Você percebe situações onde o sofrimento é motivado pela falta de sentido? Caso afirmativo, Você consegue expressar tais sentimentos?
3. Como explicar que algumas situações na vida a dois parecem não ter sentido?
4. Veja a frase abaixo e tente uma ligação com a frase anterior, do Viktor Frankl:
“Onde não há amor, coloque amor e encontrarás amor.”
a) Como Você vivencia essa frase no teu dia a dia?
b) Você teria um fato ou momento específico onde foi possível “colocar amor e encontrar o amor” onde antes não existia amor?
Paulo, cuidado com a hora...
Já quer
terminar?
Fernando Pessoa, falando do poeta, diz que
“O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.”
5. Como Você relaciona dor, poesia e amor?
G) Sexo, sexualidade, carinho, amor e projetos
Roberto Shinyashiki, médico psiquiatra (Santos, SP) diz:
“As feridas da alma nunca são curadas com sexo, comida ou poder, e sim com carinho, atenção e paz.” Por vezes buscamos curar feridas ou relacionamentos com bens, presentes, viagens.
Como é a tua experiência no campo acima citado?
1. Como Você percebe a relação com o seu parceiro na dinâmica amor-sexo?
2. É possível identificar situações nas quais Você (Vocês) trocou (trocaram) a busca do amor e do compromisso a dois por outras fontes de prazer, como viagens, presentes ou festas e jantares?
3. Você recorda um momento onde esperava um carinho, atenção e ao invés disso recebeu “somente” um “anel de diamante”?
4. Quando foi que Você deu o último abraço-surpresa, do tipo “abraço-zero-motivos” para ser dado?
Leia e comente o parágrafo abaixo:
"Amar é a única maneira de captar outro ser humano
no íntimo da sua personalidade.
Ninguém consegue ter consciência plena da essência última
de outro ser humano sem amá-lo.
Por seu amor, a pessoa se torna capaz de ver
os traços característicos e as feições essenciais do seu amado;
mais ainda, ela vê o que está potencialmente contido nele,
aquilo que ainda não está, mas deveria ser realizado.
Além disso, através do seu amor, a pessoa que ama
capacita a pessoa amada a realizar estas potencialidades.
Conscientizando-a do que ela pode ser e do que deveria vir a ser,
aquele que ama faz com que estas potencialidades venham a se realizar." (Viktor Frankl)
Revendo a frase do Frankl:
"Amar é a única maneira de captar outro ser humano no íntimo da sua personalidade”.
1. Pode o sexo ajudar ou atrapalhar a si mesmo e/ou a ajudar/atrapalhar a captar o outro ser humano no íntimo das suas personalidades?
Cita-se muito que o sexo é instinto, é da natureza, por vezes também para justificar eventuais irracionalidades.
2. Sexo, por ser também instinto, é irracional? Qual a relação do sexo com a racionalidade?
Veja e comente a frase a seguir, do Frankl:
“O amor é um fenômeno tão primário como o sexo. Normalmente, sexo é uma modalidade de expressão do amor. O sexo se justifica, e é até santificado, no momento em que for veículo do amor, porém apenas enquanto o for. Desta forma, o amor não é entendido como mero efeito colateral do sexo, mas o sexo é um meio de expressar a experiência daquela união última chamada de amor.”
3. Em que circunstâncias o sexo pode ser caminho para a autotranscendência?
O BEM ESTÁ AO NOSSO ALCANCE
Considerações finais
As perguntas podem salvar um casamento? Podem. Algumas vezes será necessário “um algo mais”, ou muitos "algo mais”. Entre os “algo(s) mais”, coloco o SABER ESCUTAR, necessário em todo e qualquer relacionamento, assim como o SILÊNCIO, o fazer um vazio para acolher o outro. O workshop, porém, por opção, não abordou essas temáticas, em função de dar espaço principalmente ao exercício do diálogo.
Deixo aqui, como uma sinalização final, que o verdadeiro diálogo pede um silêncio e um saber escutar de ambas as partes.
Porém, percebendo quem somos e como somos, com uma sede tão grande de infinito e por vezes atentos e dependentes de detalhes tão pequenos, a mim não resta outra conclusão... Impossível exaurir as respostas e nem mesmo poderíamos exaurir as perguntas.
Temos um desafio gigantesco pela frente:
Nascemos para conciliar o inconciliável.
Num certo sentido, duas naturezas tão diferentes,
homem e mulher são inconciliáveis.
Embora não seja sempre assim, acredito que todos nós experimentamos, uma ou mais vezes, que uma palavra ou um pequeno gesto nos transformou. Uma palavra nos deu esperança, uma palavra, em algum momento transformou nossa tristeza em alegria.
Costumo dizer que se estamos aqui é porque alguém nos amou. Alguém colocou papinha na nossa boca, alguém deu o calor de um abraço, trocou as fraldas, deu banho, cortou nossas unhas e o cabelo.
Digo isso porque o amor tem uma força que ainda deve ser mais esclarecida, mas enquanto isso não acontecer, podemos decidir por ele e tentar colocar em prática.
Agradeço a presença e participação de todos, e dos tantos dos quais recebi estímulos e contribuições, com certeza devo ter mostrado também as limitações, mas conto com Vossa ajuda para ir além e buscar o essencial.
Agradeço a cada um de Vocês aqui presente. Não existiria o Workshop sem Vocês, que ajudaram a construir esta experiência. O bem estar de todos tem a ver com cada um de Vocês.
Entregarei uma avaliação - sem colocar o nome, pode ser anônima - que gostaria fosse respondida com as críticas e considerações necessárias.
Amigos e amigas!
Foram poucos momentos, certamente muito rápidos, mas espero que possam permanecer por muito tempo na vossa memória, mas não somente isso, meu desejo é que "as perguntas" possam ser um grande motivador para as transformações que todos queremos.
Pensando nos grandes personagens - e podemos citar apenas alguns, todos tiveram perguntas no fundamento da própria existência. Frankl, nosso conhecido tinha a sua, desde muito cedo, na infância e era "a vida tem um sentido?".
Chiara Lubich, do Movimento dos Focolares, viveu para levar a unidade no mundo, durante a guerra se perguntou: "existe um ideal que não passa, pelo qual vale a pena viver?"
Assim, possivelmente a vida pede e pedirá continuamente, a cada um de nós, qual o sentido da nossa vida e para que ou para quem estamos vivendo.
Que possamos encontrar grandes ideais.
Ficarei muito feliz se divulgarem bastante, MUITO, esse trabalho e esse workshop!
Obrigado!
Paulo Roberto Rech
* Abaixo, um quadro para deixar uma avaliação crítica, impressão, considerações, propostas - agendar um workshop presencial na tua cidade? - e ainda: no workshop, o que mais lhe marcou, o que mais lhe ajudou?
MOTIVAÇÃO
O presente trabalho nasceu de uma constatação: todos conhecemos casais, grandes amigos, que viveram pequenas dificuldades e grandes crises no silêncio e quando estas eclodiram causaram muita dor e algumas vezes o estrago foi irreparável. “Como chegaram a tanto? Porque não conversaram? Porque não pediram ajuda?”. São perguntas óbvias depois que tudo aconteceu, mas será que, normalmente, os casais não sinalizam as dificuldades antes de a crise eclodir? Quais seriam estes sinais? Mais que isso, como facilitar para que as crises não cheguem ao ponto de romper as possibilidades de diálogo?
(...)
Quis colocar no subtítulo o enfoque principal deste trabalho, que são as perguntas.
Porque o subtítulo “As perguntas podem salvar um relacionamento”?
Eis o porquê: no discorrer dos questionamentos pessoais e da preparação deste trabalho, lembrei que entre as centenas de acompanhamentos clínicos, os casos que mais me chamaram a atenção e ficaram marcados na minha mente foram aqueles onde uma pergunta “certa” mudou a história das pessoas. A experiência tem mostrado que as perguntas certas podem salvar famílias, podem salvar casamentos e podem salvar vidas. Frankl sinalizou diversas vezes, em diversas palestras e livros, que o que nos move é o sentido da vida e o ser humano é um buscador incessante de sentido. Seguindo a lógica de Frankl, a pergunta “certa” possivelmente é a pergunta que desperta o sentido “mor” da vida de cada indivíduo. Explicada a motivação para o subtítulo, entendo ser útil e oportuno colocar, no worshop, algumas situações clínicas onde a pergunta certa mudou uma história e também salvou uma ou mais vidas.
“Viver mais Diálogo” surge como nome de um projeto maior, onde o diálogo é a semente do conhecimento de si e do outro e garantia de relacionamentos duradouros, tanto do casal quanto deste com os filhos e demais familiares.
OS ALICERCES DO TRABALHO
Psicologia:
“Logos” quer dizer “sentido” na língua grega. A Logoterapia, escola de Psicologia fundada por Viktor Frankl, tem uma forte e específica base antropológica que a diferencia entre as diversas escolas da Psicologia e merece uma consideração à parte. Cabe dizer que a Logoterapia entende que o ser humano é um permanente “buscador de sentido” e ele se realiza na medida que concretiza valores. E aqui justifico o outro subtítulo, que é "o caminho dos valores na realização a dois". O "caminho dos valores" é uma das pequenas/granses intuições de Viktor Frankl e iremos perceber no decorrer do workshop.
Filosofia:
A filosofia deve ser base para uma boa escola de psicologia e a Logoterapia tem um orgulho muito grande de ter uma forte base filosófica, seja de autores clássicos da Filosofia, em especial Max Scheler, como também de aportes e considerações filosóficas do próprio Viktor Emil Frankl, autor da Logoterapia.