VIVER MAIS DIÁLOGO 2.0
Workshop para Casais
As perguntas podem salvar um casamento
O CAMINHO DOS VALORES NA REALIZAÇÃO A DOIS
Paulo Roberto Rech - Psicólogo, logoterapeuta
PRÓLOGO
Viktor Emil Frankl:
"Amar é a única maneira de captar outro ser humano
no íntimo da sua personalidade.
“Ninguém consegue ter consciência plena da
essência última de outro ser humano sem amá-lo.
Por seu amor, a pessoa se torna capaz de ver
os traços característicos e as feições essenciais do seu amado;
mais ainda, ela vê o que está potencialmente contido nele,
aquilo que ainda não está, mas deveria ser realizado.
Além disso, através do seu amor, a pessoa que ama
capacita a pessoa amada a realizar estas potencialidades.
Conscientizando-a do que ela pode ser e do que deveria vir a ser,
aquele que ama faz com que estas potencialidades venham a se realizar."
(Frankl, Em busca de sentido, Vozes)
MOTIVAÇÃO
O presente trabalho nasceu de uma constatação: todos conhecemos casais, grandes amigos, que viveram pequenas dificuldades e grandes crises no silêncio e quando estas eclodiram causaram muita dor e algumas vezes o estrago foi irreparável. “Como chegaram a tanto? Porque não conversaram? Porque não pediram ajuda?”. São perguntas óbvias depois que tudo aconteceu, mas será que, normalmente, os casais não sinalizam as dificuldades antes de a crise eclodir? Quais seriam estes sinais? Mais que isso, como facilitar para que as crises não cheguem ao ponto de romper as possibilidades de diálogo?
As perguntas acima, aliado à alguns anos de experiência no acompanhamento de casais, seja no campo profissional, com o atendimento clínico, individual e de grupo, quanto no campo da espiritualidade e formação dentro do Movimento dos Focolares, e aqui também com acompanhamentos individuais e nos grupos, alimentaram fortemente o caminho para concretizar essa proposta, qual seja, um instrumento que possa ser um facilitador para o diálogo "intra-casal", ou seja, um facilitador para o diálogo dentro da vida a dois e "inter-relacional", que facilite o casal a conhecer-se e ser conhecido, aumentando o vínculo com os amigos e com o próprio meio. A experiência tem mostrado que, em ambos os casos, o fortalecimento do diálogo e do conhecimento recíproco é um caminho para o fortalecimento da própria identidade e da relação a dois.
Quis colocar no subtítulo o enfoque principal deste trabalho, que são as perguntas.
Porque o subtítulo “As perguntas podem salvar um relacionamento”?
Eis o porquê: no discorrer dos questionamentos pessoais e da preparação deste trabalho, lembrei que entre as centenas de acompanhamentos clínicos, os casos que mais me chamaram a atenção e ficaram marcados na minha mente foram aqueles onde uma pergunta “certa” mudou a história das pessoas. A experiência tem mostrado que as perguntas certas podem salvar famílias, podem salvar casamentos e podem salvar vidas. Frankl sinalizou diversas vezes, em diversas palestras e livros, que o que nos move é o sentido da vida e o ser humano é um buscador incessante de sentido. Seguindo a lógica de Frankl, a pergunta “certa” possivelmente é a pergunta que desperta o sentido “mor” da vida de cada indivíduo. Explicada a motivação para o subtítulo, entendo ser útil e oportuno colocar, no worshop, algumas situações clínicas onde a pergunta certa mudou uma história e também salvou uma ou mais vidas.
“Viver mais Diálogo” surge como nome de um projeto maior, onde o diálogo é a semente do conhecimento de si e do outro e garantia de relacionamentos duradouros, tanto do casal quanto deste com os filhos e demais familiares.
OS ALICERCES DO TRABALHO
Psicologia:
“Logos” quer dizer “sentido” na língua grega. A Logoterapia, escola de Psicologia fundada por Viktor Frankl, tem uma forte e específica base antropológica que a diferencia entre as diversas escolas da Psicologia e merece uma consideração à parte. Cabe dizer que a Logoterapia entende que o ser humano é um permanente “buscador de sentido” e ele se realiza na medida que concretiza valores. E aqui justifico o outro subtítulo, que é "o caminho dos valores na realização a dois". O "caminho dos valores" é uma das pequenas/granses intuições de Viktor Frankl e iremos perceber no decorrer do workshop.
Filosofia:
A filosofia deve ser base para uma boa escola de psicologia e a Logoterapia tem um orgulho muito grande de ter uma forte base filosófica, seja de autores clássicos da Filosofia, em especial Max Scheler, como também de aportes e considerações filosóficas do próprio Viktor Emil Frankl, autor da Logoterapia.
METODOLOGIA DO WORKSHOP
É dentro do campo filosófico que surge esta máxima: “mais importante que as respostas, são as perguntas” ou ainda “são as perguntas que movem o mundo”. Este conceito, que relaciona perguntas e respostas, foi apropriado por outras ciências e trouxe bons frutos também para a Psicologia.
Foi um jornalista, Warren Berger, em seu livro “A More Beautiful Question: The Power of Inquiry to Spark Breakthrough Ideas”, (No Brasil, “A pergunta mais bonita: as perguntas dos criadores de Airbnb, Netflix e Google”; Warren Berger, Ed Goya, 2014.) quem deu grande ênfase à questão. Berger é também o autor do site "AMoreBeautifulQuestion.com" (A pergunta mais linda) e o questionamento é também o tema de seu livro mais recente, “The book of beautiful questions”, cujo subtítulo vale um capítulo: “O poder das questões que irá ajudar Você a decidir, criar, conectar e a liderar”. O livro ainda não foi publicado no Brasil.
Para Berger, todas as pessoas se tornam melhores quando adotam o questionamento como rotina. A principal começa com “por quê?”, seguida de “E se?”. Por fim, vêm as perguntas iniciadas com o “como?”.
Cabe sinalizar que para Viktor Frankl, criador da Logoterapia, a pergunta essencial não é o “por quê?”, mas o “para quê”. Conforme Frankl, o “por quê” reporta ao passado e o “para quê” sinaliza e endereça ao futuro, a algo a ser realizado e é ali que está o foco principal da nossa responsabilidade.
Baseado em Frankl, reconhecido também por seu humor, tiradas filosóficas e grandes intuições a respeito da vida, da morte, da humanidade, sugiro a seguinte reflexão e pergunta:
“Imagine que você está vivendo a vida uma segunda vez, e que na primeira vez, para esta mesma situação, você agiu errado. Como você agiria hoje?” Surpreendente, não? Simples e surpreendente, pois o pensar que podemos estar agindo ou vivendo “uma segunda chance” pode nos ligar um alerta e nos ajudar a refletir melhor sobre nossas ações.
Este é o objetivo desta proposta e deste trabalho: refletir sobre nossa vida, nossas ações, projetos, escolhas e resultados. E refletir com perguntas, como fizeram os filósofos gregos e como fazem os seus seguidores.
As perguntas a seguir tem um único propósito, que é dar (mais) elementos para uma saudável reflexão sobre a vida pessoal, sobre a vida a dois, sobre os conceitos que moviam o casal ontem e que o movem hoje, sobre a história passada e presente, sobre os projetos pessoais, de casal e de e da família, sobre os relacionamentos pessoais e particularmente sobre os relacionamentos e afetos do casal. Espera-se um crescimento no espaço do diálogo, bem como na prática e vivência do mesmo, também um crescimento no conhecimento de si, do outro e das dinâmicas que movem os relacionamentos de cada um e do casal, levando essa prática do diálogo para toda a vida da família.